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E foram, sem duvida, muito bem acolhidos, pela forma como todo o agrupamento se apresentou em publico, pela primeira vez, no dia 9 de Outubro de 1866, em procissao de festa de Igreja. Instrumental completo e fardamento muito bom e vistoso, mas com o grave inconveniente de as fardas se assemelharem as fardas dos militares da epoca, com penachos e cores garridas. Marcou em valor real da terra e, tambem, em luxo. Os militares e que se nao conformaram e, imediatamente, apresentaram reclamacao, visto que nao queriam confundir-se com os agrupamentos civis. A polemica aqueceu, as razoes puseram-se em choque, ate que, finalmente, obedeceu a parte mais fraca, como sempre - a Filarmonica da Relva retirou os penachos e os distintivos que tanto a orgulhavam, mas fe-lo com bastante ma vontade, como e facil de deduzir. Este motivo, acrescido ainda por as bandas civis serem, no tempo, mais numerosas do que as militares, como ja expusemos, criou um ambiente de antipatia entre as duas agremiaoeses, o qual nao era mais do que uma consequencia de que a inimizade parte dos mestres do mesmo oficio, mas que, neste caso, deu origem a um acontecimento que ainda hoje perdura na celebre frase repetida por toda a Ilha de S. Miguel: "O mesmo... e mais forte". Foi desta forma que ficou nobilitada a Musica da Relva. |
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Esta pirrassa, foi da autoria do seu regente Manuel Inacio Brasil que durante muitos anos regeu esta Banda e embarcou para a America, onde dirigiu a (( Banda Santo Cristo)), de Fall River. No decorrer dos anos foram tambem seus regentes: Guilherme Tavares de Matos, Sub-Chefe da Banda Militar, Augusto Baptista, Carlos Manuel Samoes, Sargento Bastos, Alberto Narciso Ribeiro, Alberto de Chaves, Joao Ferreira dos Santos, Jose Germano Carreiro, Ernesto Medeiros. E actualmente seu regente, o brioso Sargento da Banda do Comando Militar dos Azores, Sr. Manuel Medeiros, tambem natural da Relva, quanto a nos, um complemento de orgulho da Banda, pois que se basta, artisticamente, com a "prata da casa" sem ter de recorrer a elementos estranhos. A existencia desta Banda decorreu, como todas as outras de S. Miguel, com altos de muito entusiasmo e baixos de desolacao, com as fraquezas comuns que ainda hoje deixam rugas profundas no envelhecimento das organizacoes congeneres. Nos primeiros tempos, coube a politica aplanar dificuldades, resolver problemas e facilitar a vida da Sociedade e tamanha influencia teve que em 1879 lhe mudou o nome para ((BANDA PROGRESSISTA RELVENSE)). Mas se esta filarmonica sustentou um periodo prolongado e invulgar de desafogo administrativo e elevado prestigio artistico, deveu-o a proteccao mecenica de duas familias que, muito embora tivessem tomado parte activa nos actos politicos da sua epoca, trabalharam sempre com sensibilidade e inteligencia, pois que nunca regatearam os seus beneficios para bem das artes, das letras e da sua Terra: Fonte Bela, Raposo de Amaral e a familia Andrade Albuquerque. Foi gracas ao Barao e Conde da Fonte Bela, Jacinto da Silveira Gago da Camara (infelizmente falecido aos 43 anos de idade) que ainda a Banda de Nossa Senhora das Neves se apresentou na procissao do Senhor Santo Cristo dos Milagres, com 50 elementos, no ano de 1878, o que representava o dobro dos normais de qualquer Banda da epoca. O Sr. Conde de Fonte-Bela ajudara o Partido Progressista a mandar vir instrumental novo para esta Banda e encomendara outro para a Banda que se iria estrear em 1880, em Ponta Delgada e que tomaria o nome de UNIAO FRATERNAL. Os dois instrumentais, em bloco, deram muito que falar. Da magnanima (( Casa do Colégio)), podera sintetizar-se a sua proficua accao a bem desta Banda, num auxilio permanente e substancial, sobretudo em vida dos Senhores Jose Maria Raposo de Amaral Pai e Filho e, quando extinto tao valioso amparo, se cumpriu a fatalidade que atingiu e atinge todas as Bandas civis com a falta de coordenacao na organica directiva e artistica - a decadencia. Dai para ca, veio ao de cima, para todo o povo relvense, o conhecimento mais pratico e esforcado das agruras e arrelias que se consomem na manutencao da sua filarmonica. E que o dinheiro faltou e os estranhos, os de outras localidades que haviam recebido boa cooperacao com a sua presenca, tendiam a esquece-la, incluindo Ponta Delgada, que tantas vezes a preferira nos seus servicos, quer nas vulgares festas religiosas ou particulares, como no Campo de S. Francisco, a dar real valor ao coreto, inaugurado também em 1871, no mes de Maio, e, que um incendio destruiu ha anos. No ((JORNAL DE NOTICIAS)), de 13 de Dezembro de 1871, o jornalista Augusto Loureiro, noticiava os belos concertos dados pela RELVENSE no ((KIOSK)) e lamentava que na cidade ela tivesse, somente, 6 socios e pedia a proteccao consciente de todos. Mas, como sempre, a desilusao continuou. Cremos, todavia, que tudo isto sejam licoes que nao convem esquecer e tirar delas todo o proveito possivel para que, de futuro, se tentem evitar males que estao bem visiveis em todas as filarmonicas que conhecemos: Saido o Director generoso que tem bolsa aberta para tapar todas as necessidades, logo a sociedade se afunda em dificuldades imensas, grande parte das vezes insuperaveis, e, ou se deixa ficar debaixo de agua e morre asfixiada, ou tenta nadar com muitas dificuldades e se salva, mas com deficiencias que não fazem aproximar amigos. E toda a gente sabe que os partidarios estao presentes... quase unicamente nas ocasioes das grandes glorias. |
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Uma filarmonica numa freguesia nao deve contar com a amizade de um ou dois directores endinheirados, nem com as pessoas de diferentes localidades. Desta sao raras as que ajudam com vontade e intencao de permanencia. A Banda da Relva, deve e pode contar com ajudas, mas estas teem de sair dos relvenses, onde quer que se encontrem, em Ponta Delgada, na America, Brasil, Canada, etc., mas, muito especialmente, com os que vivem na sua tao querida terra e que mais de perto gozem do privilegio de apreciarem a ((sua Filarmonica)); de todos aqueles que, aqui presentes, aplaudem esta invulgar festa de anos e sentem o natural orgulho de possuirem uma Banda que se pode apresentar ao lado das suas irmas de outras terras e que, ainda por cima, e mais velha do que elas, pois conta a provecta idade de l00 anos; de todos os habitantes da Relva, pela grande responsabilidade que lhes pesa sobre os ombros. visto que, todos, sem excepcoes, sao parentes daqueles que ha l00 anos fundaram com sentido exacto do que deviam, a sua terra e a si proprios e que embora nao tendo deixado escritos os seus nomes e precisamente por isso, valem por todas as familias que compoem esta freguesia, que e mais rica, por meritos da natureza e trabalho dos seus filhos, do que outras que sustentam uma ou duas filarmonicas de prestigio. Por tudo isto. e ate, porque a actual Direccao teve o bom senso de retribuir a sua Filarmonica o primitivo nome, afastado por passageira gratidao a politica que fez BANDAS DE MUSICA, e, que, por todos os principios, lhe fica mais justo: BANDA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES. Respeite-se o passado nos seus bons exemplos e firme-se o presente na verdade que a todos agrada. BANDA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES, nos te saudamos na tua velhice, nos teus trabalhos nas tuas canseiras e desilusoes, mas tambem nas tuas esperancas, nos optimismos do caminho imenso que te cumpre percorrer, confiada no carinho dos filhos - deste povo que te considera carinhosamente, a menina dos seus olhos. |
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