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Bandeira dos ACORES Ao quilometro cinco a poente da cidade de Ponta Delgada, ilha de Sao Miguel, a maior do Arquipelago, situa-se a freguesia da Relva, com a area de cerca de 11 quilometros quadrados. |
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S. Miguel A freguesia da Relva situa-se no meio do Oceano Atlantico, no Arquipelago dos Acores, sendo este uma regiao autonoma de Portugal. Este arquipelago e formado por 9 ilhas, divididas por 3 grupos, o grupo ocidental (Corvo e Flores), o grupo central (Graciosa, Sao Jorge, Terceira, Faial e Pico), e o grupo oriental (Santa Maria e Sao Miguel). |
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RELVA Dizem os antigos e confirmam os documentos que a regiao da Relva nao foi das primeiras a ser povoada, porquanto e sabido que o povoamento da ilha de Sao Miguel comecou pela Povoacao e em seguida por Vila Franca do Campo. Esta ultima era ja um centro populacional de certa importancia e ainda Ponta Delgada nem como simples aldeia existia. Pela area da Relva, apenas campos virgens se desdobravam pelas encostas acima - campos e matas onde os louros e os azevinhos, as gingeiras e os cedros, os vinhaticos e as uveiras da serra cresciam ao Deus-dara. Para esta regiao, que vai desde Santa Clara as Feteiras, se vieram a criar numerosas varas de porcos antes lanssados noutros locais da ilha. Os senhores da Vila Franca do Campo, sempre que queriam praticar largas cassadas, era para estas bandas da ilha que vinham ocupar-se nesse passatempo. Vinham nos seus bateis, por mar, com as suas armas e criadagem e uma vez desembarcados junto de Santa Clara metiam-se por terra dentro a dar caca a quantos porcos monteses encontravam. Eram cassadas que duravam alguns dias, ao fim dos quais, depois de salgarem os animais mortos, os levavam para as suas casas, como precioso mantimento. Assim conheceu a regiao da Relva os primeiros contactos com o homem. Mas os anos foram passando e as primeiras familias se foram fixando no lugar onde mais tarde Ponta Delgada havia de desenvolver-se como Vila e depois como Cidade. Com as primeiras familias as primeiras casas; com as primeiras casas, as primeiras quintas e herdades, os primeiros gados domesticos presos a estaca ou conduzidos pelos pastores. As primeiras pastagens naturais junto de Ponta Delgada apareceram entao por estes sitios onde a erva gorda e tenrinha, constituia optimo alimento para os gados. Dai o nome de Relva dado a este lugar, por aqui haver "boa erva". |
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A fixassao das primeiras pessoas e familias neste lugar deve ter, pois, sido devido a permanencia de pastores e, portanto, a actividades ligadas com a lavoura. E o lugar da Relva comecou a ser uma realidade, sendo de supor que o conjunto de habitacoes se desenvolvesse a volta das Casas de Martim Vaz, celebre contador das ilhas - fidalgo que aqui viveu com sua gente, dando lustre ao lugar e mandando reparar a fonte da Grota, existente quase junto do mar bem assim o caminho que a mesma conduzia. Daqui a origem dos nomes de Fonte do Contador e Grota do Contador dado aos sitios - nomes que ainda hoje se mantem mas que o povo chama de Contador. Este contador Martim Vaz deveria ter sido pessoa importante, nao so pelo cargo oficial que desempenhava, mas igualmente pelo numero de terras que aqui possuia. Foi este contador, ao que parece, quem fundou o primeiro templo desta freguesia, dedicado a Nossa Senhora das Neves, porque num documento de 1526 e 1527, a Igreja deste lugar tem tambem o nome de Igreja do Contador da Relva - embora ja por esse tempo ela tivesse um Capelao pago pela Fazenda Real. |
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Primitivamente, o lugar da Relva desenvolveu-se de preferencia para a banda ocidental ou seja para os lados onde a Igreja se ergueu, se bem que, por exemplo, o lugar da Corujeira e Rua da Guine nos queiram significar antiguidade. Corujeira porque? Nao se sabe. Simplesmente o que se pode adiantar e que o termo corujeira significa no Portugues antigo povoacao pobre, esconderijo. Donde se conclui, que enquanto a freguesia se desenvolvia para os lados da Igreja, mais para baixo, na Rua de Baixo, perto da Grotinha e em ligacao com um atalho que iria dar a Santa Clara, uma especie de bairro, de gente mais pobre, uma "corujeira", afinal se formava timido e humilde. Quanto ao toponimo Rua da Guine, igualmente pouco se pode adiantar. Porque algum homem da Guine ou chamado Guine ali viveu? Porque nesse sitio havia muitas galinhas da Guine? Nao se sabe. O caso e mesmo dificil de decifrar porque em Ponta Delgada pelos sitios onde existia a Ermida do Corpo Santo houve igualmente um Beco chamado Guine cuja origem ainda nao foi possivel descobrir. Com este nome, apenas se regista a nordeste de Vila Franca do Campo um Pico de Guine assim chamado por nele haver grande abundancia de galinhas da Guine (segundo o Cronista Fructuoso). Outros toponimos curiosos ainda se encontram aqui, como a Rua do Sabao (por ai haver uma saboaria ?) e a Rua do Mulato, de certo por nela ter residido um mestisso. Os nomes vulgares de Rua de Cima e Rua de Baixo provem da sua situacao topografica, assim como a designacao de Rua Nova deriva do facto dela ser realmente muito mais nova que as outras e ter sido aberta no tempo que a freguesia mostrou tendencia para se alargar para a banda do oriente ligando por baixo o grosso do lugar como a chamada Pia da Relva porque ali havia uma pia de lavar ou de simples agua para beber. E a freguesia da Relva referida quando se alude a grande peste negra que grassou em Ponta Delgada nos anos de 1523 e 1531. Fugindo ao flagelo muita gente da entao Vila de Ponta Delgada se veio recolher a freguesia da Relva e as Feteiras e, apesar disso, a peste alastrou-se, e entre a Relva e as Feteiras se enterraram mais de duzentos corpos vitimas da terrivel epidemia. Como ja se referiu, a Igreja Paroquial deste lugar aparece em documentos de 1526 e 1527, como se fosse do Contador Martim Vaz. Pois no livro do almoxarife Joao Tavares, igualmente se faz referencia a existencia de um capelao o qual ganhava por ano 2 reis. Chamava-se esse capelao Alvares Anes e foi ele, o primeiro padre que este lugar teve. O segundo foi o Padre Simao Goncalves; o terceiro, o Padre Heitor Tenreiro; o quarto, o Padre Antonio Lobo; o quinto, o Padre Joao de Conteiras; o sexto, o Padre Antonio Neto; o setimo, o Padre Sebastiao Roiz Panchina. Nesta freguesia viveu tambem um homem chamado Diogo Gomes, que tinha estado na Madeira em casa de um tio e que foi o primeiro micaelense que nesta ilha soube fabricar acucar de cana. No ano de 1643, as coisas ja tinham subido bastante e a importancia do lugar aumentado consideravelmente porque ja a freguesia disponha de um vigario - Francisco Fernandes Mesquita que recebia por ano 7 moios e meio de trigo e 12 reis em dinheiro; um cura, que ganhava 4 moios e meio de trigo e 7 reis em dinheiro; e de tesoureiro com vencimento de um moio de trigo e 6 reis em dinheiro. |
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Em 1690, a populacao da freguesia da Relva aparece com 870 pessoas agrupadas em 342 casas. Isto e em cem anos a populacao deste lugar tinha aumentado para o dobro e o numero de casas para cerca do triplo. Quinze anos depois, em 1705, era criado definitivamente o Vicariato da Relva. Rezam as cronicas que outrora se produziu nesta freguesia muita cevada e que um tal Jorge Afonso deixou um grande monte de cevada na eira por nao possuir granel para o guardar. Passados dias, a cevada por cima do monte estava toda verde encontrando os homens um grande buraco nele. Vigiando por esse buraco viram entao um porco montes sair por ele e logo atras muitos outros. Tinha entao acontecido que os porcos que andavam pelos montes, vieram ate ali, ao cheiro do cereal, encontrando cevada debaixo do monte por cima do qual a propria cevada tinha grelado e enraizado, formando uma crosta. Assim acontecia no tempo das abundancias, no tempo em que um individuo chamado Joao Afonso, trazia em volta da sua casa tantas galinhas que quando elas se espantavam, mais pareciam bandos de estorninhos e que ponham por dia centenas de ovos. As terras desta freguesia encontrava-se por este tempo tao povoadas de codornizes que quem as cassava as vendia a razao de meio vintem por cada quarenta. No ano de 1800 tinha esta freguesia 1781 habitantes. Seis anos depois, em 1806, tinha esta freguesia 2018 habitantes, verificando-se nesse ano 66 nascimentos, 64 mortos, e 6 casamentos. Em 1813, o numero de habitantes era de 1902. |
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Em 1839, a populacao tinha baixado para cerca de metade, ou seja para 1107 pessoas porque entretanto fora criada a freguesia dos Arrifes, levando esta consigo o lugar da Saude ja entao muito populoso. De 1800 a 1813 verifica-se em S.Miguel uma grande saida de emigrantes para o Brasil, nada menos do que 6828 pessoas. So da Relva sairam 230 pessoas. Em 1813, a Relva produziu 18 moios de trigo, 630 moios de milho, 1 moio e 20 alqueires de cevada, 1 moio e 19 alqueires de fava, 2 moios e 12 alqueires de feijao, e 8 pipas de vinho. Havia entao neste lugar, alem de 2 companhias de ordenansa, 3 funcionarios chamados de corpo civil, 3 eclesiasticos, 39 lavradores, 494 trabalhadores, 1 mendigo, e 39 artifices. Estes artifices estavam assim distribuidos: 7 carpinteiros - 1 serrador - 1 cabouqueiro - 11 pedreiros - 12 sapateiros - 7 alfaiates. As roupas eram feitas de estamanha, com as quais se trajavam e andavam pelos campos, as quinzenas com que era costume casar, as roupas dos noivos todas as listras e debruadas de cadarssos que, ao lado do capote e capelo em que escondia a noiva, iam a Igreja brilhando como uma maravilha. Segundo uma postura camararia desse tempo o alfaiate so podia levar 400 reis pelo feitio de um capote de pano ou de baeta, forrado. Por um capote de camelao so podia levar 300 reis. Os senhores padres, porem, estavam piores, pois o feitio de uma batina andava por 4000 reis. Nesse tempo nao havia luz de petroleo e as candeias ardiam ou com oleo tirado da baga do louro que iam apanhar a serra ou com um mal cheiroso azeite de peixe, que entao se vendia a 300 reis a canada." ... e muitas mais historias e curiosidades se poderiam mencionar referentes a esta freguesia da Relva acontecidas em tao longinquo tempo ... |